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Desafios legais na gestão de contratos emergenciais durante uma calamidade pública

As enchentes representam momentos críticos que exigem uma resposta rápida e eficaz por parte das autoridades públicas. No entanto, a gestão de contratos emergenciais durante essas situações pode tornar a vida do gestor, um problema de anos com os órgãos de controle. O caso de Nova Friburgo durante sua enchente, em 2011, e a atual situação no Rio Grande do Sul, exemplificam os desafios da conduta ética e verossímil de um ato urgente e “heroico” de um gestor perante a população.

No exemplo das enchentes de Nova Friburgo, há processos administrativos e judiciais, até hoje, após 13 anos, que perturbam a mente de gestores e empresários da cidade. Um ato administrativo para o bem comum ou um “ato falho” para o resto da vida?

Em situação de emergência, os gestores, muitas vezes, se veem obrigados a tomar medidas imediatas para fornecer recursos essenciais à população afetada. No entanto, a burocracia e a rigidez dos procedimentos legais podem impedir a rápida aquisição de bens e serviços básicos. Um exemplo claro é, na falta de infraestrutura administrativa, onde computadores e  energia elétrica possam estar comprometidos, como contratar serviços básicos para as necessidades vitais da população batendo à porta? Como um gestor, na tutela de guardião do bem-estar comum, pode pensar na abertura de um processo administrativo, que tramite por longo período, e ainda tire a população da calamidade que o afronta como cidadão?

Na administração pública, por mais que os processos emergências sejam mais flexíveis, à casos que, nem mesmo a legalidade ditada pelos legisladores, consegue contornar uma aferição minuciosa, que cause danos na vida de um gestor público. O Apagão das Canetas como uma pretensa paralisia decisória do administrador público trás, neste diapasão, o enfretamento da  gestão interposta pelos órgãos de controle e a vida do cidadão.

As ameaças punitivas devem ser tratadas, antes de qualquer intempérie, como uma reflexão aos ditames e a colaboração dentre os diversos poderes perante a iminência de possíveis catástrofes climáticas.

Não há como deixar de falar da falta de saneamento e infraestrutura sanitária que assola nossas cidades brasileiras. É certo que esta catástrofe climática não foi e nunca será a última. Resta saber até onde conseguiremos, em uma emergência, ajudar a população que tanto suplica por atenção, ou seguir adiante, sem ter a coragem do enfrentamento para as decisões que devam ser tomadas em um gabinete de crise, sem eira nem beira.

Leonardo Alves
Formado em Administração de Empresas, Leonardo Alves trabalhou por 22 anos no Congresso Nacional, entre Câmara dos Deputados, Comissões e Plenário, e se especializou em Gestão e Orçamento Público e Gestão Executiva - Empresarial pela FGV. Também atuou como consultor de planejamento e orçamento por diversos municípios e foi assessor da Presidência da Telebrás, além de Secretário Municipal de Planejamento e Fazenda Municipal.

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